VAI PASSAR
- novoshorizontespsi
- 21 de fev. de 2017
- 2 min de leitura

A chave da superação pode estar na própria dor se, em vez de jogá-la para debaixo do tapete, conseguirmos olhá-la de frente, enxergando do seus contornos e limites.
''Você vai superar isso.'' É provável que você já tenha ouvido ou usado essas palavras para confortar alguém. Mas talvez você nunca tenha parado para pensar sobre a amplitude da palavra ''superação''. A etimologia nos diz que o termo vem do latim superaio e significa o ''ato de elevar-se, de passar por cima''. De cara , vemos que a palavra já nasceu com um esforço sobre-humano de cada um de nós.
Na hora do sufoco, muitos de nós somos tomados por uma sensação de que é quase impossível estar acima do que aconteceu. A dor pode nos paralisar a ponto de turvar nossa memória das muitas situações difíceis que já vivemos antes e que superamos. Aliás, a vida é pródiga nesse sentido. O limite que superamos ontem é apenas um ensaio para o desafio que virá amanhã.
Minha experiência guarda semelhança com as descrita por Elizabeth Gilbert no livro Comer, Rezar, Amar (ed. Objetiva). Há uma passagem em que seu sentimento diante do ''Augusteum'', o mausoléu construído pelo rei Otaviano Augusto para abrigar seus restos mortais por toda a eternidade. Augusto jamais poderia supor que um dia o Império Romano viraria pó e que seu mausoléu seria tomado por ruínas.
Olhando as ruínas do mausoléu, a personagem pensa em todas as transformações pela quais aquele lugar passou foi queimado devastado, mas depois encontrou uma maneira de se reconstruir. Assim é com cada um de nós, Precisamos lembrar que nossa ruína pessoa sé transitória.
Não é fácil, claro. Nos momentos difíceis, a sensação de que estamos desmoronando parece não ter fim. Mas, e isso a vida me mostrou, a ruína pode ser o indício de uma transformação urgente que , ás vezes, estávamos recusando.
Posso dizer que aprendi coisas diferentes em cada crise pela qual passei. E, de certa forma, um aprendizado completou o outro. O amor incendiou meu coração com a deliciosa sensação de acordar todos os dias com a certeza de estar construindo uma vida plena com um homem me jogou na ruína. A dor precisa ter o carimbo da eternidade, mas foi justamente essa dor que me fez redescobrir o amor por mim mesma!
A vivência da ruína em que a dor me lançou revelou-se futuramente um presenta. Em algum momento, tornou-se possível amar a minha dor. Não podia jogá-la debaixo do cobertor, mas podia trazê-la à tona. Ficar cara a cara com ela. A dor imensa que eu sentia pela perda de uma pessoa podia se tornar uma gratidão profunda por essa pessoa ter aparecido na minha vida. Eis aí um curioso paradoxo: ao respeitar a dor, você não fica mais apegado a ela; se torna mais forte, consciente de que pode afrentar qualquer sofrimento, criado assim, as condições para superá-la. A chave da superação pode estar na própria dor.
Texto por: Malga Di Paula
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